Educação de filhos
Roberto Elísio
08/08/2010
Na última segunda-feira de julho, este jornal publicou correspondência da leitora Maria Luciene,
de BH, que, pelo bom senso, deveria ser transcrita quase em sua
íntegra. O assunto é extremamente atual e foi o tema, aliás, já aqui
tratado: a educação dos filhos. Diz a leitora: "Vivemos
hoje em uma sociedade que desvaloriza a brincadeira, que robotiza as
crianças. Uma sociedade onde o padrão da família vai ganhando novos
aspectos, cujos pais, visando satisfazer as exigências da vida moderna,
não têm mais tempo para estar com os filhos, assistindo-os em sua
educação, que acaba por ser confiada a terceiros. As escolinhas infantis
recebem as nossas crianças cada vez mais cedo".
E vai mais além: "Vale ressaltar
também a importância do papel das avós, que passam a assumir, cada vez
mais e mais cedo, o papel materno"... "Para a formação futura de toda
criança é importante que não haja etapas queimadas em sua infância.
Criança precisa de afeto. Carinho nunca é demais. As historinhas de
contos de fada, as brincadeiras infantis (hoje tão desvalorizadas),
assim como o esporte para meninos e meninas são atividades fundamentais
na vida da criança", ressalta Maria Luciene, para acrescentar que "educar é dar limites", porque a boa conduta da educação implica na imposição de limites".
Já avô a esta altura da vida -
ou exatamente por ser avô a esta altura da vida - venho de um tempo em
que atirar "o pau no gatô tô" era uma doce cantiga de roda e, não, uma
atitude ecologicamente incorreta, como pretendem alguns falsos
pedagogos, mais preocupados em impactos para aparecer do que em
inovações para melhorar. Venho de um tempo em que se podia querer
ladrilhar ruas com pedrinhas de brilhante. Não se corria o risco, nem
nos sonhos, de que menores assaltantes viessem furtar a valiosa
decoração, embalados pelo cheiro de uma cola de sapateiro.
Os maus exemplos vêm de todos os
lados - principalmente dos altos escalões - espalhando seus efeitos
nefastos, como registram, diariamente, as páginas dos jornais dedicadas
ao noticiário policial, diante do olhar conivente e multiplicador das
chamadas autoridades competentes. Faz alguns anos, às vésperas do "Dia
das Mães", veículos de comunicação publicaram um anúncio criminosamente
desrespeitoso, pago por uma rede de lojas na sanha de faturar a qualquer
preço: como legenda de fotografia de uma jovem mulher exibindo
provocantes coxas, estes dizeres: "Mamãezinha uma ova. Um mulheraço".