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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO



08/10/2010

PROFESSOR DESENCANTADO

(Maria Ângela Cota)

“Não quero aposentar da minha alegria " 
(Rubem Alves)

Lendo Rubem Alves, eu tinha a sensação de que nunca iria me aposentar devido à alegria em trabalhar na educação e pela educação.No entanto, após ter sofrido na pele a agressão verbal de um aluno que me chamou de “burra, louca, idiota e imbecil”- tudo isto diante de sua mãe, solicitada a comparecer à escola justamente para que, junto ao SSP(Serviço de Supervisão Pedagógica) fossem traçadas estratégias que pudessem, além de levantar sua autoestima, ajudá-lo a melhorar o comportamento , o respeito aos professores e o rendimento escolar. O que me deixou estarrecida , ao ponto de querer abandonar, a partir daquele instante, a profissão, foi o fato de ter a mãe desse aluno presenciado toda a cena sem se quer dizer algo que pudesse impedir as agressões, cuja falta de autoridade impossibilitou-a de corrigir a ousadia de filho. Quero, urgentemente, me aposentar! A minha alegria está por um fio e acredito que a de muitos colegas especialistas também! Enquanto as famílias não estabelecerem a importante relação entre “amor/limite , amor/afeto , amor/educação, “infelizmente continuarão criando filhos desrespeitosos, sem limites, desajustados e descompensados , como os que nos agridem constantemente. A pensar que a atual educação permissiva faz com que alguns especialistas busquem camuflar a situação fazendo com que a falta de limite seja diagnosticada e batizada com outro nome:TDAH (Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade) .O que faz aumentar ainda mais a minha tristeza e indignação é reconhecer que após anos trabalhando em prol da educação, na minha idade ainda tenho que conviver com esta situação constrangedora onde providências cabíveis não são tomadas por parte de famílias, dirigentes escolares , governantes e seus órgãos representantes que são as Secretarias de Educação . Peço urgência às autoridades competentes na revisão do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que oferece muitas regalias aos alunos , enxergando apenas direitos. Deveres? –nada! pelo contrário: O ECA subtrai toda a autoridade dos educadores e ainda os inibe, colocando-os expostos a situações que os impossibilitam na iniciativa da ação devida. As famílias, cada vez mais permissivas, estão perdidas, deixando profissionais da educação em pânico e cada vez mais amedrontados e desestimulados para a prática do ensino, o que se pode comprovar pela defasagem nos cursos de licenciatura.

Maria Ângela Cota
Supervisora Pedagógica - E.E.Três Poderes - BH/MG