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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

EDUCAÇÃO

EDUCAÇAO E CONHECIMENTO
Jornal O Tempo- 10/12/2010
MÔNICA VALESKA
Professora especialista em comunicação

No Brasil, estamos inseridos num contexto histórico, no que tange ao sistema de avaliação, que, durante anos, exige dos educandos uma memorização desprendida da sua realidade social. A memorização nesse caso torna-se uma primazia, em detrimento do saber articulado e produzido, que visa ao desenvolvimento de habilidades e potencialidades que possam nortear os alunos a interagir com o seu meio social. Principalmente dentro de uma realidade global que requer profissionais que se posicionem de forma mais holística.

A educação desempenha um papel fundamental na construção do cidadão e, consequentemente, no desenvolvimento de um país. A memorização de fórmulas e informações concernentes as várias áreas de uma grade curricular somente torna aptos aqueles que almejam aprovação no vestibular, mas não proporciona a busca do conhecimento e a construção deste como estratégia para desenvolver e ampliar a visão do educando em relação ao meio cultural a que pertence. Levá-lo a agir sobre esse, em busca de melhorá-lo, é trabalhar com o educando a interpretação de representações culturais que possam conduzir à compreensão dos símbolos e dos signos, fortemente presentes na nossa sociedade.

A comunicação perpassa também por imagens, cores e formas; vivenciamos na sociedade o mundo das marcas, que são representadas através dos logotipos, associadas a entretenimentos e ídolos. Quando possibilitamos o acesso a esse conhecimento e a interpretação dele, estamos propiciando aos educandos a apreensão do seu meio cultural e a interação com ele. Nesse caso, eles compreendem que nós produzimos cultura e também somos produtos dela.

Percebemos que, na prática, temos governos comprometidos com uma educação compartimentada, distante da realidade, conteudista; esperar deles o contrário é legitimar o quadro atual da educação, principalmente pública, de violência e descaso com as potencialidades humanas. Perpassando primeiro por um tipo de "progressão automática", a legitimação dessa vem do discurso demagógico de que a reprovação é uma punição que causa uma suposta evasão (sabemos que é a desvalorização das potencialidades a causa); então, esses mesmos governos pressionam os educadores para aprovar os educandos que não conseguiram desenvolver suas potencialidades, ou por questões emocionais provindas de um meio familiar envolto as injustiças sociais ou porque eram infrequentes. A estratégia é não ter gastos com eles.

Por meio de uma prática educacional holística e de interação a tantas outras que permitam aos educandos vivenciarem a sua realidade cultural é que iremos viabilizar a formação de cidadãos, desenvolvendo a autoestima, dinamizando o ser, tornando-o mais criativo e fortalecendo o exercício de sua cidadania.

Não podemos conceber educandos desenraizados de suas potencialidades, mas, sim, como jovens capazes de articular as informações e construir soluções.