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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

No tempo em que a escola é que dava bomba



Jornal O TEMPO - 12/12/2010
WANDERSON LIMA AMARAL

Lembro-me de que, quando chegava à escola, cada aluno tinha uma caderneta que colocávamos em uma caixinha com o número da sala onde teríamos aula.

Daí, sempre havia um coordenador que ficava pelos corredores da escola procurando aluno "matando" aula. Dentro da sala, era aquele zum-zum-zum, algumas piadinhas e uns resmungos.

De repente, uma voz impunha "silêncio!" e os murmurinhos eram interrompidos e, logo, recomeçavam. Na hora do intervalo, cada um procurava seu canto, alguns se aglomeravam com suas "panelinhas", uns iam para a cantina, outros paqueravam as meninas e ainda havia aqueles que tentavam jogar ao menos uma partidinha de futebol.

E, então, um "uouooo" - era o sinal de que ainda faltavam duas aulas.

Às vezes, alguns alunos desciam para a coordenação. Aí, a questão era "braba", na certa, vinha uma ocorrência ou uma suspensão. Os mais complicados tinham que fazer as contas, pois, depois da terceira suspensão, vinha a expulsão.

No fim da aula, todos recebiam suas cadernetas; nelas, os pais podiam ver se o filho tinha ido à escola e ainda as suas notas. Ela denunciava até quando o aluno se atrasava ao entrar na escola.

Tínhamos amigos nos colegas, professores, diretores, cantineiras, porteiros. Tínhamos bola, peteca e livros. E as ocorrências, a suspensão e a temida "bomba".

Sim, nesse tempo, as escolas davam bomba. Hoje, elas se parecem com o Iraque.