28/10/2013
SÃO PAULO – Os restos de vinho e uísque nos copos dos convidados foram o combustível para o primeiro porre, aos 3 anos. Hoje, a jornalista – e alcoólatra, como se apresenta – Barbara Gancia, de 57 anos, afirma: se a relação com a família tivesse sido diferente, o destino dela poderia ser outro.
A história choca, mas serve de alerta. Apesar de concordarem que o diálogo sobre o consumo consciente de bebida alcoólica é fundamental, um terço dos pais brasileiros nunca falou com os filhos adolescentes sobre o assunto, revela pesquisa da Ambev (Companhia de Bebidas das Américas) realizada em 11 países.
Para mudar as estatísticas, que apontam para um número cada vez maior de jovens com menos de 18 anos envolvidos com álcool, foi lançada, em São Paulo, uma cartilha sobre como tratar do tema em casa. O material ensina as abordagens certas para cada faixa etária e dá dicas sobre como introduzir o assunto no âmbito familiar.
OLHOS NOS OLHOS
Para a pediatra Bettina Gracjer, especialista em prevenção e saúde coletiva, o diálogo é imprescindível. “Pesquisas comprovam que para cada dólar investido em prevenção, economiza-se dez em tratamento. E, em casa, a melhor forma de coibir o uso indevido do álcool é por meio da conversa, que deve ser franca e direta”.
Apesar de considerado importante por 98% dos pais consultados na pesquisa, o tema “bebida alcoólica” é descartado por parte significativa desses adultos (48%). Eles alegam ter filhos muitos novos para tratar do assunto.
A dúvida sobre como começar a conversa é outro ponto melindroso, apontado por 22% dos entrevistados como o motivo do não diálogo.
Prova de que não há idade para se falar sobre o tema e de que o consumo de bebida pode ser iniciado em qualquer momento da vida, Barbara Gancia diz que ensinar os pais sobre como e quando dialogar com os filhos é uma novidade importantíssima. E avisa: “A gente tem que se entender antes de precisar resolver um problema muito grande”.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 70% dos brasileiros com menos de 18 anos já tiveram a primeira experiência com álcool. Em Belo Horizonte, a média é ainda mais alta: 76% dos adolescentes. É o quarto maior índice do país.
Ficção dá ‘forcinha’ aos adultos
Pelo menos 5 milhões de famílias deverão ter, até o fim de 2013, acesso ao novo bê-á-bá que ensina aos pais como falar sobre a ingestão de álcool com filhos de 7 a 18 anos. É o que espera a Ambev, que lançou, como parte do programa “Papo em Família”, a cartilha ilustrada pelo cartunista Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica.
O livreto, com tiragem inicial de 100 mil exemplares – que serão, inicialmente, distribuídos em 21 ONGs do país –, faz parte das iniciativas desenvolvidas pela empresa para disseminar a importância do consumo consciente.
“Trabalhamos há dez anos nessa plataforma do consumo responsável, que tem ações que visam contribuir para a redução do uso indevido do álcool e trazer mais conhecimento do tema para a sociedade”, explica o diretor de Sustentabilidade e Comunicação da Ambev, Ricardo Rolim.
A cartilha, disponível também para download gratuito na internet, é ilustrada com personagens da Turma da Mônica clássica, cujo público-alvo são crianças de até 7 anos, Turma da Mônica jovem, para adolescentes de 14 e 15, e Turma da Tina, que tem como objetivo ajudar no diálogo dos pais com jovens que já atingiram a maioridade.
Exemplo
Para o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Universidade de São Paulo (USP), o material reforça a importância de falar sobre o tema em casa, enfatizando o exemplo que deve ser passado pelos adultos.
“Nosso grande desafio sempre foi identificar o uso indevido e prevenir. Mas nada mais importante do que a informação às crianças sobre o que se deve ou não fazer. Além disso, o exemplo não é a melhor forma de ensinar alguma coisa a alguém. É a única. Deve vir de casa, dos pais”, afirma.
Até o fim de 2014, novos vídeos que abordam o assunto, além de web séries, tirinhas e gibis, todos ilustrados com a Turma da Mônica, serão acrescidos ao programa.
Para todos
Na cartilha, há dicas simples sobre o que falar e como falar, de acordo com cada faixa de idade (de 7 a 18 anos), além de curiosidades sobre os efeitos do álcool no organismo e sintomas de uma pessoa sob efeito de bebida alcoólica.
Para a psicóloga Patrícia Alvarenga, professora do Centro Universitário Una, o exemplo familiar é crucial para desencadear inclusive a dependência ao álcool.
“Se os pais permitem que uma criança, seja de qual idade for, experimente algum tipo de bebida apenas para satisfazer uma curiosidade, podem estar contribuindo para um problema futuro”, avalia.
*A repórter viajou a convite da Ambev
Para mudar as estatísticas, que apontam para um número cada vez maior de jovens com menos de 18 anos envolvidos com álcool, foi lançada, em São Paulo, uma cartilha sobre como tratar do tema em casa. O material ensina as abordagens certas para cada faixa etária e dá dicas sobre como introduzir o assunto no âmbito familiar.
OLHOS NOS OLHOS
Para a pediatra Bettina Gracjer, especialista em prevenção e saúde coletiva, o diálogo é imprescindível. “Pesquisas comprovam que para cada dólar investido em prevenção, economiza-se dez em tratamento. E, em casa, a melhor forma de coibir o uso indevido do álcool é por meio da conversa, que deve ser franca e direta”.
Apesar de considerado importante por 98% dos pais consultados na pesquisa, o tema “bebida alcoólica” é descartado por parte significativa desses adultos (48%). Eles alegam ter filhos muitos novos para tratar do assunto.
A dúvida sobre como começar a conversa é outro ponto melindroso, apontado por 22% dos entrevistados como o motivo do não diálogo.
Prova de que não há idade para se falar sobre o tema e de que o consumo de bebida pode ser iniciado em qualquer momento da vida, Barbara Gancia diz que ensinar os pais sobre como e quando dialogar com os filhos é uma novidade importantíssima. E avisa: “A gente tem que se entender antes de precisar resolver um problema muito grande”.
Ficção dá ‘forcinha’ aos adultos
Pelo menos 5 milhões de famílias deverão ter, até o fim de 2013, acesso ao novo bê-á-bá que ensina aos pais como falar sobre a ingestão de álcool com filhos de 7 a 18 anos. É o que espera a Ambev, que lançou, como parte do programa “Papo em Família”, a cartilha ilustrada pelo cartunista Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica.
O livreto, com tiragem inicial de 100 mil exemplares – que serão, inicialmente, distribuídos em 21 ONGs do país –, faz parte das iniciativas desenvolvidas pela empresa para disseminar a importância do consumo consciente.
“Trabalhamos há dez anos nessa plataforma do consumo responsável, que tem ações que visam contribuir para a redução do uso indevido do álcool e trazer mais conhecimento do tema para a sociedade”, explica o diretor de Sustentabilidade e Comunicação da Ambev, Ricardo Rolim.
A cartilha, disponível também para download gratuito na internet, é ilustrada com personagens da Turma da Mônica clássica, cujo público-alvo são crianças de até 7 anos, Turma da Mônica jovem, para adolescentes de 14 e 15, e Turma da Tina, que tem como objetivo ajudar no diálogo dos pais com jovens que já atingiram a maioridade.
Exemplo
Para o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Universidade de São Paulo (USP), o material reforça a importância de falar sobre o tema em casa, enfatizando o exemplo que deve ser passado pelos adultos.
Até o fim de 2014, novos vídeos que abordam o assunto, além de web séries, tirinhas e gibis, todos ilustrados com a Turma da Mônica, serão acrescidos ao programa.
Para todos
Na cartilha, há dicas simples sobre o que falar e como falar, de acordo com cada faixa de idade (de 7 a 18 anos), além de curiosidades sobre os efeitos do álcool no organismo e sintomas de uma pessoa sob efeito de bebida alcoólica.
Para a psicóloga Patrícia Alvarenga, professora do Centro Universitário Una, o exemplo familiar é crucial para desencadear inclusive a dependência ao álcool.
“Se os pais permitem que uma criança, seja de qual idade for, experimente algum tipo de bebida apenas para satisfazer uma curiosidade, podem estar contribuindo para um problema futuro”, avalia.
*A repórter viajou a convite da Ambev