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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

DESAPEGO

Evolução Espiritual
Maria Luciene

Cinco anos se passaram da  nossa despedida material.Como diz o poema de Santo Agostinho: você apenas está do outro lado do caminho... Quis o destino que partiste primeiro deixando-me acompanhada pela lembrança do teu suspiro derradeiro, que se deu no dia 23 de fevereiro...Ah, como estavas linda!...Parecias adormecida...Em prantos, à beira do seu leito, beijei-te a face angelical, acariciei-te o corpo e implorei-te para que não me deixaste, para que  não  me abandonaste...
Quantas lágrimas secretas...quanta dor...quanta saudade....
 Minha irmãzinha querida, diante de tantos porquês, acreditei que jamais fosse cicatrizar a dolorosa ferida causada  pela dor da tua partida ...
Em meio à  incontida angústia e saudade  que dilaceravam aceleradamente o meu coração necessitei dar a volta por cima e, para isso, clamei  proteção divina.
Hoje percebo que fui atendida...Já não me sinto, por Deus, tão esquecida...
presas uma à outra,vivendo a dor da separação, nos impedíamos de prosseguir;  eu, no meu estágio material, e você, no plano espiritual...  Minha presença estava junto a ti e a tua presença também continuavas junto  a mim.
Espiritualmente e movidas pela nossa incontida fé,eu sentia quando estavas  a me visitar...
Por vezes, em minhas noites mais sombrias, o perfume de rosas em meu quarto se fazia presente...
Sei que de ti recebi forças para que Juntas rogássemos  pelo  desapego que  se fazia necessário para a nossa evolução  espiritual. 
Somente aceitamos a nova condição porque  a união de almas  que nos unira em vida, sempre uma ajudando a outra a se sentir mais fortalecida, continuou a se fazer presente, deixando-nos a certeza de que jamais um dia  viéssemos a nos sentir uma  pela outra esquecida...
 Hoje, após uma trajetória de provações e superações desde a infância, onde motivos não me faltaram para vacilar em minha fé, sinto-me grata ao nosso Bom Pai celeste pela solidez do alicerce que edificou minha existência espiritual, visto que  por mais difícil  tenha sido minha  caminhada  neste vale de lágrimas, jamais  blasfemei contra a própria sorte. Ainda que por tantas vezes  vim a me  sentir a mais infeliz das criaturas, sempre  pedi a Deus discernimento e aceitação para tudo aquilo que estivesse além da minha capacidade de compreensão.
Em minhas orações, Maria de Fátima, quando a saudade  insiste em fazer morada em meu coração, não poucas vezes sinto novamente a suavidade da  tua presença  junto a mim, como se tuas delicadas mãos estivessem a secar minhas secretas lágrimas, acariciando-me a  face, e... quando me dou conta da situação, já estou agradecendo a Deus pela dádiva de ter nascido na família que nasci  podendo ter-te como  minha irmã tão amada, tão querida, tão tolerante, tão carinhosa, tão meiga, tão resignada em tua fé e tão especial...
Eu a amo, minha irmã!...

Nosso amor transcenderá todas as fronteiras do tempo e da eternidade...
Cuide-se porque eu estou me cuidando...
Hoje posso dizer-te que estou bem , sabes por quê?
Porque compreendi que necessitava me fortalecer espiritualmente para  poder deixar-te bem  rumo a tua evolução espiritual....

Até o dia do nosso reencontro definitivo, minha estrela guia...
Ainda hoje levarei ao teu jazigo as violetas roxas de que tanto amas...
 

A cor roxa significa luz
Luz significa  vida
E segundo São Francisco de Assis,
É morrendo que se vive
Para a vida eterna...

Beijo carinhoso em teu coração...
            Lena 
(Maria de Fátima Alves de Oliveira – 16/11/1949 – 23/02/2008)