Funcionalismo
Escalonamento pode durar mais
Governo mineiro deve manter estratégia, prevista para três meses, por tempo
indeterminado
Servidores fizeram carreata por BH e gritaram palavras de ordem afirmando que a polícia pode parar
PUBLICADO EM 03/03/16 - 03h00
Bárbara Ferreira e Débora Costa
Especial para O Tempo
Pedindo o fim do escalonamento dos salários
do funcionalismo estadual, servidores da segurança pública de Minas saíram em
protesto pelas ruas da capital ontem. A divisão do pagamento dos funcionários
foi anunciada para os meses de fevereiro, março e abril, será mantida para
essas datas e ainda pode ser prorrogada. Diferentemente do que costuma
acontecer em protestos pela cidade, a Polícia Militar não interveio para
liberar as vias bloqueadas, e não houve confronto. A MG–010, que leva ao
aeroporto de Confins, na região metropolitana, ficou fechada por 40 minutos.
A maioria dos manifestantes era de funcionários vinculados à
Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) – entre eles as polícias Civil e
Militar e o Corpo de Bombeiros. Eles têm salários superiores a R$ 3.000 e se
encaixam nas categorias que têm a remuneração parcelada desde o mês passado
(veja quadro ao lado). A categoria destacou que, caso a questão não se resolva,
a polícia poderá entrar em
greve. Um boletim de ocorrência por desobstrução de vias
teria sido feito em nome dos líderes do movimento, mas a informação não foi
confirmada pela PM.
Durante o protesto, os servidores fecharam os dois sentidos
da MG–010, em frente à Cidade Administrativa, na região Norte da capital,
causando transtorno para o trânsito. A advogada Verônica Campos, 30, é de São
Paulo e ficou presa no trânsito desde as 14h. Com isso, perdeu compromissos.
“Tinha um voo às 17h30 e não consegui chegar. Estou presa no trânsito há várias
horas, e não há mais o que fazer. Acho que podem manifestar, mas que liberem
uma pista para quem quer passar”, reclamou.
A manifestação pediu pelo fim do escalonamento. “A maioria
dos militares está recebendo o salário parcelado, e enxergamos que o governo
está cortando insumos daquilo que a sociedade mais pede hoje, que é segurança”,
afirma o sargento Marco Antonio Bahia, presidente da Associação dos Praças
Militares (Aspra).
A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag)
informou que, até o fim de março, se reunirá com os servidores para decidir o
cronograma dos escalonamentos.
Justificativa
PM. A Polícia Militar informou que não
interveio porque solicitou a desobstrução da via e foi atendida, e destacou que
busca a coexistência pacífica com protestos. A Seds e o governo não comentaram.
Saiba mais
Reunião. O secretário da
Seplag, Helvécio Magalhães, se reuniu anteontem com alguns representantes dos
servidores públicos estaduais para discutir questões como carreira e salários.
Os trabalhadores da segurança pública alegam que foi adiantada durante a
reunião a possibilidade de estender o escalonamento por mais três meses. A
Seplag não confirma a informação.
Cargos. Uma das
justificativas dos servidores para não aceitar a medida imposta pelo governo é
a quantidade de cargos comissionados na gestão estadual. Além disso, o
presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais, Marco Antônio
de Paula Assis, questiona o porquê de o Legislativo e o Judiciário receberem em
dia.
Acampamento. A carreata
começou às 15h, e o protesto foi encerrado por volta das 17h30. Eles pretendem
se reunir novamente em abril e prometem acampar na porta da casa do
governador, caso o escalonamento não seja revisto.