Descaso e poluição vêm à tona nas lagoas da Grande BH
Frederico Haikal/
Em Confins, a lagoa central está tomada por aguapés, planta aquática
que se prolifera com a presença do esgoto. Próximo dali, em Vespasiano,
há até restos de construção civil no único espelho d’água do município.
Na vizinha Lagoa Santa, o principal cartão-postal da cidade
padece com a água turva e o mau cheiro. Já na outra ponta da Grande BH,
em Contagem e em Betim, apesar de a Várzea das Flores ser limpa e
cristalina, lixo e especulação imobiliária degradam o entorno da
represa.
A poluição provocada pela falta de investimentos
públicos não é exclusividade da Pampulha, em Belo Horizonte, que sempre
desperta atenção devido à péssima condição da água. Embora apresentem
índices de contaminação inferiores aos do ponto turístico da capital,
lagoas da região metropolitana também estão comprometidas. Problemas
visíveis, como a proliferação de entulho, e outros alertados por
especialistas, como a má qualidade das águas, ameaçam os locais.
Várzea das Flores
Durante dois dias, a reportagem do Hoje em Dia
visitou cinco das principais lagoas da Grande BH. Construída num
perímetro de 54 km e considerado importante reservatório de
abastecimento de água para municípios da região metropolitana, a Várzea
das Flores sofre com a falta de consciência ambiental.
Por ser uma ótima opção de lazer, a represa está sempre lotada nos fins
de semana, porém, os frequentadores insistem em deixar lixo espalhado
pela orla.
Frequentadora do espaço desde criança, a aposentada Maria Dias Araújo,
de 90 anos, lamenta a situação. Na última semana, ela estava na represa
na companhia de parentes e amigos, em Betim. “É uma pena. As pessoas
deveriam cuidar, porque, se continuar do jeito que está, um dia isso vai acabar”, disse.
Morador de Contagem, que abriga cerca de 85% da Várzea, o biólogo Diego
Carvalho, de 45 anos, alerta que, apesar de a água apresentar boa
qualidade, o lixo acumulado no entorno é um grande risco. Segundo ele,
entulhos têm substâncias tóxicas que contaminam a água. “As construções
irregulares que se proliferaram no entorno também são danosas”, aponta
Carvalho.
Lixão
Só em Contagem, 640 toneladas de lixo são recolhidas por mês na orla da
lagoa, informou a Secretaria de Obras e Limpeza Urbana. A limpeza é
feita três vezes por semana. Uma parceria junto ao governo do Estado foi
proposta para enfrentar as ocupações irregulares. Está em curso também a
elaboração de uma ampla campanha de conscientização junto à população,
destacou a administração municipal.
Já em Betim, por meio de nota, a assessoria de imprensa da prefeitura
se limitou a informar que a limpeza do entorno da Várzea acontecerá a
cada 30 dias, a partir deste mês. A próxima retirada de entulho está
programada para os dias 15 e 16. De acordo com a Secretaria de Meio
Ambiente, são recolhidos cerca de 250 sacos de cem litros.