Professores
Carga horária se torna impasse
Magistrados ouvidos por O TEMPO querem receber o piso nacional e manter 24 horas semanais
Missão: Nova Secretária de Educação, Macaé Evaristo, vai conduzir negociações com os professores
Isabella Lacerda
08/01/2015
da promessa de que vai pagar em
Minas o piso nacional dos professores, o governador Fernando Pimentel (PT) deve
enfrentar um impasse com a categoria. O novo valor definido nesta terça pelo
Ministério da Educação, de R$ 1.917,78, equivale a uma carga horária de 40
horas semanais. Em Minas, no entanto, os professores cumprem 24 horas e,
segundo os profissionais ouvidos pela reportagem de O TEMPO, uma mudança
na jornada de dedicação não representaria ganho.
Professor de história no Estado, Luiz Torquato,
26, explica que o quadro de 24 horas de trabalho permite ao profissional
lecionar em mais de uma escola, o que gera um acréscimo na renda mensal. Em
Minas, hoje, o salário inicial de um professor de nível básico com licenciatura
plena é de R$ 1.455,30, podendo atingir o máximo de R$ 3.010, para casos em que
há título de doutorado.
“Passar para 40 horas semanais vai
gerar um quadro de exclusividade com as escolas. Eu até posso ser favorável a
uma mudança na carga horária em troca de um salário perto de R$ 2.000, mas
junto disso é preciso que nós passemos a receber benefícios, como vales
transporte e alimentação”, opina Torquato.
Professor estadual desde 2006 e
vice-diretor há quatro anos, César Claudier, 38, diz que a carga horária de 40
horas já acontece na prática, mas sem remuneração. “Se vincular o aumento do
piso à carga horária haverá uma debandada dos professores do ensino público. O
descumprimento do piso no Estado é culpa da legislação federal, que é muito
vaga. É preciso que o governo federal também se posicione”, avalia.
O anúncio do novo piso nacional gerou
reações dentro do governo mineiro. Nesta quarta, a nova secretária de Educação,
Macaé Evaristo, conversou com deputados estaduais e informou que uma comissão
especial com integrantes do governo e de sindicatos dos professores será criada
nos próximos dias para iniciar a discussão das condições para a implantação do
novo valor do vencimento.
“Essa foi uma garantia dada pela
Macaé. Ao instituir essa comissão, entrarão em pauta o aumento da jornada e as
mudanças na carreira, e os salários em Minas deixarão de ser divididos entre
salário e subsídio”, garantiu o deputado Rogério Correia, vice-líder do PT na
Assembleia. “Uma coisa que já é certa é que o sindicato dos professores não
aceita que a carga horária seja ampliada em Minas”, completou.
Ao ser questionado sobre uma mudança
no tempo de dedicação dos professores, o governo de Minas informou, por meio de
nota, que irá discutir com os educadores a reestruturação da carreira no
Estado. Qualquer mudança nos salários só deve ocorrer em 90 dias.
Sem posição
Espera. O Sind-UTE
ainda não se posicionou sobre a mudança no piso salarial em Minas. A entidade alegou
que a presidente, Beatriz Cerqueira, estava em viagem e não poderia falar sobre
o tema.
Pagamento
O salário dos servidores estaduais deve ser depositado hoje pelo governo de Minas, mas o Executivo ainda não informou de onde virão os recursos para arcar com a folha de R$ 2 bilhões. A administração petista vem afirmando que não há recursos em caixa, enquanto os deputados que apoiam o governo dizem que a verba virá principalmente da arrecadação do IPVA. Nesta quarta, o Estado informou que o levantamento da arrecadação do imposto ainda está sendo finalizado.
O salário dos servidores estaduais deve ser depositado hoje pelo governo de Minas, mas o Executivo ainda não informou de onde virão os recursos para arcar com a folha de R$ 2 bilhões. A administração petista vem afirmando que não há recursos em caixa, enquanto os deputados que apoiam o governo dizem que a verba virá principalmente da arrecadação do IPVA. Nesta quarta, o Estado informou que o levantamento da arrecadação do imposto ainda está sendo finalizado.
Revisão
Projeto. A Assembleia recebeu proposta de Pimentel que
propõe que os secretários-adjuntos e subsecretários recebam 80% do salário de
um secretário, e o chefe de gabinete, 70%.
Aumento
Nacional. O reajuste de 13% no piso
nacional dos professores da educação básica foi anunciado na última
segunda-feira pelo ministro da Educação, Cid Gomes (PROS), e já vale para a
folha de janeiro, a ser paga até o quinto dia útil de fevereiro.
Quadro. O Estado de Minas Gerais conta hoje com cerca de 180 mil professores da educação básica em atuação na rede estadual.
Quadro. O Estado de Minas Gerais conta hoje com cerca de 180 mil professores da educação básica em atuação na rede estadual.