EDUCAÇÃO
Cresce o hábito da leitura entre crianças e adolescentes do país
Dos 95,6 milhões de entrevistados pelo Instituto Pró-Livro, 55% estão lendo um livro ou leram um nos últimos três meses
FREDERICO HAIKAL
Responda rápido: qual foi o último
livro que você leu de cabo a rabo? Quem era o autor, qual o estilo? Se
as respostas forem a Bíblia, Monteiro Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado
ou Machado de Assis, e títulos de ficção, parabéns! Você faz parte da
maioria dos brasileiros. Isso, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no
Brasil, realizada em 2007 e divulgada EM 2008 pelo Instituto Pró-Livro,
em parceria com o IBGE. O estudo aponta que cresceu o número de
brasileiros leitores. Das 95,6 milhões de pessoas pesquisadas -
moradores de cidades acima de 30 mil e com mais de 5 anos -, 55% estão
lendo um livro, ou leram um nos últimos três meses. Aponta também que os
"culpados" por esse crescimento são crianças e jovens. Trinta e nove
por cento dos leitores declarados têm idades entre 5 e 17 anos. Outras
constatações curiosas do estudo são que as escolas têm papel fundamental
na formação do leitor de livros, indicando literatura e os próprios
livros didáticos. Mas que é em casa que se adquire o hábito de lidar com
jornais, revistas e textos em outros suportes - como os de internet -
em especial com as mães. Setenta e três por cento dos entrevistados
entre cinco e 10 anos afirmam que começaram a ler depois de estimulados
pela mãe. De acordo com a presidente da Primavera Editorial e membro do
Instituto Pró-Livro, Lourdes Magalhães, os dados apontam que o
brasileiro está definitivamente incorporando o hábito da leitura. "Se
compararmos o número de leitores detectados em 2000 e em 2007, temos um
aumento significativo. Isso tem a ver com a universalização da educação,
mas também com um avanço do país, que oferece uma diversidade muito
grande de títulos, sejam os gibis, as revistas especializadas, a
internet", destaca. Segundo ela, as crianças e jovens de hoje conseguem
lidar com vários estímulos ao mesmo tempo, o que por um lado diminui o
tempo exclusivo para a leitura, mas, por outro, acaba incentivando a
procura por informações em diferentes suportes. Segundo o estudo, 14%
das crianças de até dez anos afirmam gostar de ler enquanto assistem à
TV."A criança de hoje lê o livro didático com o computador em três sites
ao mesmo tempo e a televisão, mudando de canal o tempo todo. É a
natureza do pequeno. E se ele tem uma dúvida no video game, vai atrás da
revista especializada, busca na internet. Navegando pelos sites, chega a
um gibi ou a um livro. É uma rotina mais ativa, em que os meninos são
mais agentes da formação de seu conhecimento, mas eles estão lendo
mais", avalia.
Importância da influência dos pais
O jovem é exemplo de outro
aspecto do estudo, que revela que 51% dos leitores assumidos ganharam um
livro de presente em algum momento da infância ou da adolescência.
Outro fator de formação do leitor é o hábito dos pais lerem histórias
para os filhos. Apesar de comemorar os dados da pesquisa, o Instituto
Pró-Livro aponta que a falta de intimidade com os livros ainda é fruto
da ausência de contato físico com os volumes. Os dados mostram que
apenas 1% da população tem a posse de 19% de todos os livros do país;
10% têm 49% dos livros, e o restante está nas mãos de 20%. Da população
brasileira, 8% não tem um livro sequer em casa, e 4%, apenas um, em
geral, a "Bíblia".

