15/10/ 2009
(Horácio Vaz)
Escola, espaço de convivência, de socialização, de curtição, de zoação...
Menos de educação!
Será culpa dos profissionais da área?
Será culpa da família?
Será culpa dos governantes?
Será culpa dos alunos, essa falta de educação social?
É bem provável que todos nós tenhamos uma parcela de culpa nessa história. Os profissionais da educação, desestimulados, cansados, estressados por falta de materialidade, salário digno e interesse por parte dos alunos... Pais necessitando trabalhar o dia inteiro se privando do convívio familiar...Filhos, por sua vez, a mercê de parentes, quando não, sozinhos em casa ou em instituições de acolhida ou até mesmo soltos nas ruas! E assim, as famílias cada vez mais e mais ausentes, jogando a responsabilidade da educação dos filhos para essa instituição também tão falida, tão cansada, tão desacreditada e tão desmotivada que ainda responde pelo nome de ESCOLA!
A sociedade se pergunta onde estará aquela família, antes tão presente, na maioria das vezes, de pouca ou nenhuma cultura, família essa, tão criticada por seus conceitos conservadores, mas que tinha autonomia na educação dos filhos, fazendo-os acreditar na importância do papel da escola rumo às suas realizações futuras, e ainda: dentre os valores repassados aos filhos, o professor era autoridade máxima em sala de aula, merecedor de todo o respeito, mesmo que não fosse merecedor de nenhum apreço por parte dos educandos. E a escola da época, apesar de não ser considerada espaço de convivência com a mesma intensidade com que se defende hoje, e sim, lugar de buscar aprendizado e ascensão social, a convivência existia de maneira respeitosa, intensa, saudável e cheia de boas recordações. Paralelo a esse gostar de estar na escola caminhava o aprendizado resultando nos excelentes profissionais que eram lançados no mercado de trabalho independentemente de ter se formado em rede pública ou privada!
Qual a atual realidade que se vê quase todos os dias nos principais noticiários veiculados na imprensa? Por falta de profissionais qualificados, sobram vagas nas agências empregadoras, e ainda é grande o índice de desemprego no país apesar de toda facilidade com que o cidadão hoje tem acesso à “educação”, ao seja; ao diploma!
Não nos esqueçamos de que a sociedade somos todos nós. Faz-se necessário uma ampla reflexão conjunta sobre os valores sociais humanitários do século XXI. Famílias, educadores, governantes...Todos estamos inseridos nesse contexto transformador, formador primeiramente de princípios básicos de educação, e sucessivamente de opinião.
Podemos ser coniventes com os nossos governantes que só enxergam despesas com a educação, que dão dinheiro para tudo e todos, exigindo a permanência do aluno dentro da escola, praticamente pagando a esse cidadão para estudar e se omitindo de investir na valorização profissional do educador, atribuindo-lhe ainda a culpa pelo fracasso de muitas das suas estratégias político-educacionais? É justo a sociedade ser manipulada por marqueteiros políticos que se escondem por detrás de uma cortina de fumaça, investindo o dinheiro público em propagandas inverídicas, dando a entender que a educação no país vai muito bem, exercendo assim o mirabolante poder de jogar a opinião pública contra a escola? Será que o país sobreviveria sem essa cortina de fumaça que garante o investimento de bancos estrangeiros na educação brasileira?O mais constrangedor para os educadores é a falsa imagem que é repassada lá fora de que somos o país dos grandes investimentos na igualdade social pela educação!
Como garantir a qualidade de educação há tantos desses alunos que não têm referência familiar, que se sentem marginalizados, oprimidos, carentes, incompreendidos sem perspectiva de vida, que se apóiam nessa instituição tão desprovida de muitos desses valores, assim como eles?
Como garantir a qualidade de educação ao aluno que só está na escola para a família não perder os benefícios concedidos pelo governo federal, o qual, em muitos casos, cobra da própria instituição um alto preço por estar ali, contra a sua vontade, apenas para garantir o sustento da família, aproveitando o tempo que deveria ser consumido com o aprendizado para agredir colegas, ameaçar professores, desestruturar o ambiente, certo de que estará isento a qualquer tipo de punição, uma vez amparado pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)?
Pensando bem, o papel da escola mudou. Deixou de educar para simplesmente disciplinar! E assim, a humanidade segue seu curso, no país do faz de contas, iludida, iludindo, construindo muralhas e se apoiando em sua própria construção denominada CASTELO DAS ILUSÕES!
“Essa reflexão é um grito de alerta à sociedade e aos nossos dirigentes políticos, visto que somos educadores e queiramos ou não, somos os principais responsáveis pelo futuro da nossa nação e jamais seremos coniventes com essa situação”.
JORNAL HOJE EM DIA – 15/10/0
( Professor Horácio Vaz – das redes estadual e municipal de ensino - Belo Horizonte e Contagem – MG - extraído do livro Resgatando os Valores da Escola Pública - Maria Luciene - págs.85-86)
( Professor Horácio Vaz – das redes estadual e municipal de ensino - Belo Horizonte e Contagem – MG - extraído do livro Resgatando os Valores da Escola Pública - Maria Luciene - págs.85-86)