Camila de Lira, iG São Paulo
28/08/2010 09:44
Paladar infantil pode ser estimulado
A cozinha não é um ambiente bem visto por mães quando se trata do bem estar de seus filhos. Mesmo assim, é inegável o seu poder transformador nas crianças. Por isso, é uma pergunta que vale a pena ser feita: será que não é bom para seu filho se arriscar na cozinha?
De acordo com as chefs Ana Carolina Rosa, Camilla Donato e Gabriella Carioba, a resposta é sim. As três ministram cursos de culinária para crianças entre 6 e 14 anos, e concordam em dizer que a culinária traz benefícios tanto para os pequenos quanto para seus pais. “É mais fácil a criança passar hábitos saudáveis de alimentação para o adulto que o contrário”, diz Camilla, que dá cursos de férias no Ateliê Gourmand em São Paulo.
Ana Carolina Rosa, responsável pelos cursos infantis da Accademia Gastronômica, diz que, apesar destes cursos serem importantes, é a prática em casa que atiça a curiosidade da criança para a culinária. “Fiz meu primeiro arroz quando tinha quatro anos. Meu bisavô fez um banquinho para eu ficar na cozinha com minha avó e minha mãe. Tenho o banquinho até hoje”, lembra Ana Carolina.
A pedagoga e chef Gabriella Carioba, que dá aulas semanais de culinária para crianças no espaço A Nossa cozinha, se lembra de quando ajudava sua avó a assar biscoitos e de como se sentia feliz em poder ajudá-la. “Toda a minha construção de aulas de culinária foi em cima das minhas primeiras experiências de vida”, completa.
“Crianças são curiosas, de forma geral. Só depende da forma que o adulto aborda o tema”, diz Ana Carolina. Ela afirma que a melhor maneira de mostrar o ato de cozinhar para a criança é de forma lúdica, e com materiais que brinquem com os sentidos dos pequenos. “É importante lembrar que você está trabalhando com os sentidos da criança, não pode apenas explicar os procedimentos”, diz Gabriella.
A chef Ana Carolina em curso para crianças: “Fiz meu primeiro arroz quando tinha quatro anos"
Gabriella sugere que os pais chamem a criança para cozinhar alguma coisa de que elas já gostem muito, mas propondo um preparo alternativo. “Se seu filho gosta de macarrão, pode-se comprar macarrão colorido, ou fazer uma salada de macarrão”, exemplifica a chef. Dessa forma, segundo Gabriella, a criança é estimulada a “abrir” seu paladar.
Segundo Camilla Donato, o paladar se treina. Por isso é importante deixar o máximo de possibilidades abertas para as crianças, criando oportunidades para que elas experimentem de tudo. Outra ação importante é questionar a criança sobre o porque dela não ter gostado de algum alimento. “É bom perguntar para ela se o alimento é azedo ou amargo quando ela diz não ter gostado”, aconselha.
Tanto Gabriella quanto Ana Carolina explicam que os pequenos podem participar de todos os processos: de picar os alimentos até colocá-los no forno. Elas afirmam que esta participação aguça os sentidos, e incentiva a criança a comer o que acabou de cozinhar.
Mas e a proteção? “Ter sempre um adulto por perto é fundamental”, diz Gabriella. Camilla recomenda o uso de facas com ponta arredondada e atenta para o cuidado que se deve ter com a porta do forno. Com isto garantido, já para a cozinha.