05/06/2014
Belo-horizontinos mostram como atitudes individuais podem
beneficiar a todos e ao meio ambiente
Frederico Haika
Renato Fonseca
Belo-horizontinos mostram como atitudes individuais podem
beneficiar a todos e ao meio ambiente
Empresário Ricardo Orsini dispensa, ainda na cozinha, o óleo
usado, que cai em recipiente na garagem
Dar fim ambientalmente correto aos resíduos da fritura, reaproveitar
a água da chuva ou da máquina de lavar, separar o lixo comum do reciclável e
utilizar a energia solar, só para ficar em alguns exemplos. Na caminhada rumo à
sustentabilidade, atitudes conscientes, individuais ou coletivas, fazem cada
vez mais parte do cotidiano do belo-horizontino.
No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta
quinta-feira (5), moradores da capital dão o bom exemplo e mostram a
possibilidade de contribuir para a preservação da natureza, mesmo vivendo em
uma metrópole. Na maioria dos casos, não é preciso uma mudança radical nos
afazeres do dia a dia, como mostra o casal Alda Mello, de 64 anos, e Sérgio
Motta Mello, de 69. Há exatos dez anos, eles fazem a coleta seletiva, separando
o lixo em caixas apropriadas.
Quatro recipientes foram instalados nos fundos da
residência, no bairro Mangabeiras, zona Sul de BH. Cada cor representa um
material específico: vermelho para o plástico; azul para o papel; verde para o
vidro. No amarelo, vãos os metais.
“É uma ação simples e ainda gera emprego e renda para
centenas de pessoas”, destaca Sérgio. “Há dois anos contamos com o caminhão da
prefeitura, que busca o material na porta. Mas, antes, levávamos uma vez por
semana até uma praça, onde existia grandes lixeiras para a separação”, conta
Alda, que também aproveita a água da máquina de lavar roupa para limpar o
quintal.
A coleta porta a porta, a qual a moradora se refere, é feita
pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). O sistema está presente em 34
bairros e atende a 120 mil domicílios.
Na mesma região da cidade, outro exemplo contribui
diretamente para evitar a contaminação das águas. Um prédio de 11 andares do
bairro Santo Antônio conta com um sistema de coleta de óleo de cozinha usado em
todos os 18 apartamentos. Resíduos de frituras são descartados em uma espécie
de funil instalado na cozinha e direcionados a um recipiente na garagem do
edifício.
Dono da construtora que ergueu o imóvel e hoje morador do
prédio, o empresário Ricardo de Lima Orsini, de 60 anos, conta que cerca de 30
litros são recolhidos por mês. Longe do ralo da pia, o material se transforma
em um lucrativo negócio. O material é levado para a empresa Recóleo, a maior em
operação na capital. Atualmente, cerca de 8 mil estabelecimentos comerciais e
residenciais aderiram à proposta de repassar o óleo à firma, que devolve
materiais de limpeza aos colaboradores.
Capital mineira acima da média no quesito energia solar
Belo Horizonte é considerada a capital solar do Brasil. Em
número de placas fotovoltaicas, a cidade está oito vezes acima da média
nacional. São 372 m² por mil habitantes, contra 44 m² no país.
Esse é um dos principais diferenciais da cidade, destaca o
vice-prefeito e também Secretário Municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros.
Entre os projetos sustentáveis desenvolvidos pela
prefeitura, ele destaca o Selo BH Sustentável, criado em 2012. Empreendimentos
públicos e privados que reduzem o consumo de água e da energia, além das
emissões de gases e dos resíduos sólidos, podem ser certificados.
Empresário reduz conta de luz
Energia renovável e praticamente sem custo. O sistema
conhecido como usina fotovoltaica, em que painéis solares nos telhados garantem
a sustentabilidade energética do imóvel e até a comercialização do excedente à
Cemig, está presente em quatro imóveis de Belo Horizonte.
A tecnologia – adotada em quatro residências dos bairros
Santo Agostinho e Mangabeiras (na região Centro-Sul), Taquaril (Leste) e São
Luiz (Pampulha) – permite que todos os equipamentos eletrônicos funcionem com
energia limpa. Há cinco meses, o empresário Marcelo Cenni, de 53 anos, instalou
o sistema em casa.
Antes, o valor da conta girava em torno de R$ 700. Hoje, não
passa de R$ 50. O investimento para instalação do equipamento, porém, limita a
adesão. O empresário gastou R$ 45 mil.
O retorno só para repor o gasto levará pelo menos oito anos,
calcula Marcelo, que lamenta a falta de incentivos. “Em países desenvolvidos,
há isenção de impostos para quem adere à iniciativa, que só traz benefícios”.
O projeto da usina deve ser assinado por um engenheiro
responsável, que deve enviar a documentação para as concessionárias. O sistema
tem vida útil em torno de 25 anos.
Dinheiro para boas ideias
A Prefeitura de Belo Horizonte está com inscrições abertas
para apresentação de projetos voltados para a recuperação da qualidade do meio
ambiente e educação ambiental.
Empresas e moradores podem participar. Os valores destinados
às iniciativas financiadas vão variar de R$ 25 mil a R$ 200 mil. Inf.: (31) 3277-5182
ou 3277-5184.