Acusações e críticas começaram logo após 
o cumprimento entre os candidatos Aécio e Dilma
No último debate antes do segundo turno, ontem, na TV Globo, os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) focaram na comparação entre as realizações dos governos tucano e petista, especialmente nas áreas da educação e na economia, para tentar atrair o voto dos eleitores indecisos.
A transmissão começou com a pauta do dia, na fala de Aécio sobre as denúncias da revista “Veja” deste final de semana, que divulgou o possível conhecimento de Dilma e Lula sobre os escândalos da Petrobras. “A senhora sabia, candidata, da corrupção na Petrobras?”.
A candidata à reeleição alegou uma “tentativa de golpe eleitoral” e destacou, tentando abrir a discussão, que o PSDB teria “quebrado os bancos públicos, sem política social e industrial” – Caixa, Banco do Brasil e BNDES – e “aumentado a inflação” na gestão FHC.
“O povo não é bobo, sabe que está sendo manipulada essa informação, porque não foi apresentada nenhuma prova. Irei à Justiça para defender e tenho a certeza de que o povo vai mostrar sua insatisfação com isso votando”, afirmou Dilma, acrescentando estar “estarrecida” e contando o histórico da revista desde 2002, em momentos eleitorais.
Aécio, no momento, dizia que o PT tentou tirar a publicação de circulação e que a campanha adversária foi baseada em “calúnias” contra ele. “Não acredito que a tentativa de tirar de circulação seja a melhor resposta. A delação premiada só vale se tiver provas, temos que aguardar que isso ocorra. Hoje, foram apreendidos boletins apócrifos e no Nordeste foi divulgado que se a pessoa votar 45, vai ser desligado do Bolsa Família. Vamos ampliá-lo”, comentou. 
Na famosa “guerra de números”, Dilma e Aécio recorreram aos valores das taxas de inflação na gestão FHC e do início do primeiro mandato de Lula para traçar o que chamaram de “retrato do Brasil”. Segundo o tucano, Dilma vai entregar o governo com inflação “maior do que recebeu”. “Em 1994, era 916% ao ano a inflação. O seu partido deixou 7,5% e 12%. Eu pergunto ao eleitor, você confiaria”, disparou o tucano.
Já a petista citou que Armínio Fraga, cotado para ser Ministro da Fazenda, disse que “o salário mínimo está alto demais” e que ela aumentou o salário mínimo em 71%. “Não é justo colocar palavras na boca dele. O seu ministro (Guido Mantega), a senhora parece que já demitiu”, respondeu Aécio.

Educação
Enquanto Aécio usou o exemplo de Minas como a “melhor educação fundamental do país”, para destacar sua aprovação de 92% como ex-governador, bem como os elogios feitos a ele pela petista, Dilma rebateu que o PSDB “nunca foi a favor do Prouni” e que o governo do PT construiu 422 escolas técnicas, frente às 11 feitas pelos tucanos. 
Candidatos trocaram acusações e negaram responsabilidades
Em nova rodada de perguntas livres entre Dilma e Aécio, foram tratados os temas da falta de água em São Paulo, dos mensalões do PT e do PSDB e as propostas para a reforma política. Aécio chegou a dizer que vai tirar “o PT do governo” e observou que um dos principais acusados do mensalão em Minas era o ex-ministro de Lula e coordenador da campanha da petista no Estado, Walfrido dos Mares Guia.
"Se a senhora quer falar do mensalão mineiro, vamos aguardar que ele seja julgado, mas a senhora agora antecipou algo que possa lhe criar constrangimento no futuro, porque o principal acusado dele é um ex-ministro seu”, falou o tucano. 

Improbidade
Dilma, por sua vez, disse que Aécio “precisa estudar mais”. “Só o seu partido, Aécio, não teve nem condenados nem punidos, essa é a realidade. Vocês arquivaram tudo. Inclusive o seu candidato a ministro ia ser julgado por improbidade, mas como tinha passado o prazo, não foi sequer denunciado”, respondeu Dilma. 
Sobre a questão da água no maior Estado do país, Dilma criticou a falta de programas do governo de Geraldo Alckmin para resolver o problema e citou uma piada de José Simão (“Programa Meu banho, Minha Vida”), enquanto Aécio jogou para o campo da “falta de planejamento da Agência Nacional de Águas (ANA)”.
Discussão sobre ofuturo da aposentadoria
No segundo bloco do debate da TV Globo com os candidatos à Presidência, eleitores indecisos questionaram Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) sobre fator previdenciário, moradia, educação e corrupção. 
Diante da eleitora que perguntou como pagar os aposentados num futuro próximo, com mais idosos que trabalhadores no país, o tucano voltou a afirmar que vai rever o fator previdenciário se eleito.
O fator é um índice que combina idade do segurado, tempo de pagamento ao INSS e expectativa de vida e reduz o valor da aposentadoria de quem deixa o trabalho mais cedo.
Aécio afirmou que irá criar políticas que visem remunerar melhor os aposentados. Na réplica, Dilma atacou o adversário, dizendo que foi no governo do PSDB que o fator previdenciário foi criado. Ela disse que em sua gestão abriu a discussão sobre a questão com as centrais sindicais.
Decisão
O tucano reconheceu na tréplica que o fator previdenciário foi criado no governo de seu partido e que, posteriormente, foi derrubado no Congresso. Acusou o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vetar a decisão da Casa. 
Atualmente, o homem se aposenta, em média, aos 55 anos, e as mulheres, aos 52 anos. Com essa idade, o fator previdenciário reduz em cerca de 30% o valor da aposentadoria.
O Brasil tem, hoje, quase seis pessoas em idade ativa para cada cidadão com mais de 60 anos. Estudo do Ministério da Previdência estima que, em 2050, haverá menos de duas pessoas em idade ativa para cada pessoa com mais de 60 anos.
Na questão da moradia, Aécio afirmou que Dilma tenta monopolizar programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida, e destacou que manterá o programa para ampliar a política habitacional do país.