25/10/2014 01:30 - Atualizado em 25/10/2014 01:30
MARCOS DE PAULA/ESTADÃO CONTEÚDO
Corrupção no governo e gestões do PT e PSDB dominaram debate
Acusações e críticas começaram logo após
o cumprimento entre os candidatos Aécio e Dilma
o cumprimento entre os candidatos Aécio e Dilma
No último debate antes do segundo turno, ontem, na TV Globo, os
presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) focaram na
comparação entre as realizações dos governos tucano e petista,
especialmente nas áreas da educação e na economia, para tentar atrair o
voto dos eleitores indecisos.
A transmissão começou com a pauta do dia, na fala de Aécio sobre as
denúncias da revista “Veja” deste final de semana, que divulgou o
possível conhecimento de Dilma e Lula sobre os escândalos da Petrobras.
“A senhora sabia, candidata, da corrupção na Petrobras?”.
A candidata à reeleição alegou uma “tentativa de golpe eleitoral” e
destacou, tentando abrir a discussão, que o PSDB teria “quebrado os
bancos públicos, sem política social e industrial” – Caixa, Banco do
Brasil e BNDES – e “aumentado a inflação” na gestão FHC.
“O povo não é bobo, sabe que está sendo manipulada essa informação,
porque não foi apresentada nenhuma prova. Irei à Justiça para defender e
tenho a certeza de que o povo vai mostrar sua insatisfação com isso
votando”, afirmou Dilma, acrescentando estar “estarrecida” e contando o
histórico da revista desde 2002, em momentos eleitorais.
Aécio, no momento, dizia que o PT tentou tirar a publicação de
circulação e que a campanha adversária foi baseada em “calúnias” contra
ele. “Não acredito que a tentativa de tirar de circulação seja a melhor
resposta. A delação premiada só vale se tiver provas, temos que aguardar
que isso ocorra. Hoje, foram apreendidos boletins apócrifos e no
Nordeste foi divulgado que se a pessoa votar 45, vai ser desligado do
Bolsa Família. Vamos ampliá-lo”, comentou.
Na famosa “guerra de números”, Dilma e Aécio recorreram aos valores das
taxas de inflação na gestão FHC e do início do primeiro mandato de Lula
para traçar o que chamaram de “retrato do Brasil”. Segundo o tucano,
Dilma vai entregar o governo com inflação “maior do que recebeu”. “Em
1994, era 916% ao ano a inflação. O seu partido deixou 7,5% e 12%. Eu
pergunto ao eleitor, você confiaria”, disparou o tucano.
Já a petista citou que Armínio Fraga, cotado para ser Ministro da
Fazenda, disse que “o salário mínimo está alto demais” e que ela
aumentou o salário mínimo em 71%. “Não é justo colocar palavras na boca
dele. O seu ministro (Guido Mantega), a senhora parece que já demitiu”,
respondeu Aécio.
Educação
Educação
Enquanto Aécio usou o exemplo de Minas como a “melhor educação
fundamental do país”, para destacar sua aprovação de 92% como
ex-governador, bem como os elogios feitos a ele pela petista, Dilma
rebateu que o PSDB “nunca foi a favor do Prouni” e que o governo do PT
construiu 422 escolas técnicas, frente às 11 feitas pelos tucanos.
Candidatos trocaram acusações e negaram responsabilidades
Em nova rodada de perguntas livres entre Dilma e Aécio, foram tratados
os temas da falta de água em São Paulo, dos mensalões do PT e do PSDB e
as propostas para a reforma política. Aécio chegou a dizer que vai tirar
“o PT do governo” e observou que um dos principais acusados do mensalão
em Minas era o ex-ministro de Lula e coordenador da campanha da petista
no Estado, Walfrido dos Mares Guia.
"Se a senhora quer falar do mensalão mineiro, vamos aguardar que ele
seja julgado, mas a senhora agora antecipou algo que possa lhe criar
constrangimento no futuro, porque o principal acusado dele é um
ex-ministro seu”, falou o tucano.
Improbidade
Dilma, por sua vez, disse que Aécio “precisa estudar mais”. “Só o seu
partido, Aécio, não teve nem condenados nem punidos, essa é a realidade.
Vocês arquivaram tudo. Inclusive o seu candidato a ministro ia ser
julgado por improbidade, mas como tinha passado o prazo, não foi sequer
denunciado”, respondeu Dilma.
Sobre a questão da água no maior Estado do país, Dilma criticou a falta
de programas do governo de Geraldo Alckmin para resolver o problema e
citou uma piada de José Simão (“Programa Meu banho, Minha Vida”),
enquanto Aécio jogou para o campo da “falta de planejamento da Agência
Nacional de Águas (ANA)”.
Discussão sobre ofuturo da aposentadoria
No segundo bloco do debate da TV Globo com os candidatos à Presidência,
eleitores indecisos questionaram Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves
(PSDB) sobre fator previdenciário, moradia, educação e corrupção.
Diante da eleitora que perguntou como pagar os aposentados num futuro
próximo, com mais idosos que trabalhadores no país, o tucano voltou a
afirmar que vai rever o fator previdenciário se eleito.
O fator é um índice que combina idade do segurado, tempo de pagamento
ao INSS e expectativa de vida e reduz o valor da aposentadoria de quem
deixa o trabalho mais cedo.
Aécio afirmou que irá criar políticas que visem remunerar melhor os
aposentados. Na réplica, Dilma atacou o adversário, dizendo que foi no
governo do PSDB que o fator previdenciário foi criado. Ela disse que em
sua gestão abriu a discussão sobre a questão com as centrais sindicais.
Decisão
O tucano reconheceu na tréplica que o fator previdenciário foi criado
no governo de seu partido e que, posteriormente, foi derrubado no
Congresso. Acusou o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vetar a
decisão da Casa.
Atualmente, o homem se aposenta, em média, aos 55 anos, e as mulheres,
aos 52 anos. Com essa idade, o fator previdenciário reduz em cerca de
30% o valor da aposentadoria.
O Brasil tem, hoje, quase seis pessoas em idade ativa para cada cidadão
com mais de 60 anos. Estudo do Ministério da Previdência estima que, em
2050, haverá menos de duas pessoas em idade ativa para cada pessoa com
mais de 60 anos.
Na questão da moradia, Aécio afirmou que Dilma tenta monopolizar
programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida, e destacou que manterá
o programa para ampliar a política habitacional do país.