Autor do projeto: Professor Álvaro Luís Barbosa Ribeiro
13/10/2014
Arte também é forma de inovar
Escola na região da Pampulha encontrou, em tradições do passado, uma forma de ensinar literatura
Estímulo. Estudantes de escola pública na capital recriam glamour do Romantismo em evento denominado Noite Romântica
Inovar nas escolas não consiste apenas em usar
recursos de aplicativos e tablets, mas, também, em investir na
atratividade de resgatar os elementos do passado. Para estimular o
interesse dos alunos pela literatura, a Escola Estadual Deputado Álvaro
Salles, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, contou com o apoio de
ferramentas não-digitais, como a criatividade, o talento e a imaginação,
para renovar as aulas da disciplina. Uma vez por ano, estudantes do 2º e
do 3º anos do ensino médio e da Educação de Jovens e Adultos recriam o
ambiente dos séculos XVIII e XIX, com direito a trajes de gala,
cartolas, xales e leques. Na iniciativa, chamada de Noite Romântica,
eles trocam a sala de aula por uma noite de apresentações artísticas
sobre Romantismo.
O projeto ocorre desde 2008, geralmente entre os meses de agosto e
setembro, quando as turmas estão concluindo os estudos sobre o movimento
literário. A edição mais recente do evento foi realizada no último dia
19 de setembro.
Durante algumas horas, os alunos dançam valsa, entregam rosas aos
colegas e espectadores e recitam poesias de escritores como Castro
Alves, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo e Lorde Byron. “É
interessante ver os costumes de antigamente, quando as pessoas viviam
com intensidade e paixão”, disse Cléverton Castro, 19, aluno do 2º ano.
Professor Álvaro Ribeiro, autor do projeto
Preparação. Antes da apresentação, os estudantes ensaiam duas vezes por semana, durante um mês. A nota deles é avaliada com base no empenho de cada um na atividade. O criador do projeto e professor de literatura Álvaro Ribeiro disse que a intenção da ação é estimular o hábito da leitura na atual geração de jovens. “O Romantismo foi escolhido não por acaso. É justamente o estilo mais adequado para resgatar sentimentos de amor, generosidade e a sensibilidade”, afirmou Ribeiro.
Preparação. Antes da apresentação, os estudantes ensaiam duas vezes por semana, durante um mês. A nota deles é avaliada com base no empenho de cada um na atividade. O criador do projeto e professor de literatura Álvaro Ribeiro disse que a intenção da ação é estimular o hábito da leitura na atual geração de jovens. “O Romantismo foi escolhido não por acaso. É justamente o estilo mais adequado para resgatar sentimentos de amor, generosidade e a sensibilidade”, afirmou Ribeiro.
Os alunos
incorporaram a iniciativa e se envolveram na organização do evento,
tanto que cobram as datas de cada edição. “Na fase de vida em que os
estudantes estão, é difícil despertar a atenção deles pela literatura.
Mas temos notado um maior interesse dos alunos pela leitura. A
frequência à biblioteca, inclusive, aumentou”, comenta a diretora da escola.
Exemplo
Continuidade. Inspirados
no Noite Romântica, alunos criaram um evento similar na escola em 2011,
em que retratavam as diferentes comemorações do Dia das Bruxas no
mundo.
A estudante do 3º ano do ensino médio Bianca Martins, 16, que já participou do evento, não esquece o desafio da primeira apresentação
A fórmula de sucesso do projeto Noite Romântica
está no fato de o professor sair do convencional e colocar os alunos
como “protagonistas” da aula, segundo especialistas em educação. Eles
defendem que estratégias como essas, consideradas inovadoras, sejam
perpetuadas em escolas públicas e privadas.
Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), Ângela Dalben acredita que o Noite Romântica evidencia
que o conhecimento está por toda parte, não só na sala de aula. Segundo
ela, a iniciativa ajuda a formar a personalidade dos jovens. “Eles
desenvolvem confiança e melhoram a autoestima”.
A estudante do 3º ano do ensino médio Bianca Martins, 16, que já
participou do evento, não esquece o desafio da primeira apresentação.
“Em 2013, eu subi no palco, vi aquele tanto de gente e pensei: ‘Meu
Deus!’. Mas fechei os olhos e cantei, e todos aplaudiram. Foi uma
experiência diferente”, relatou.