11/02/2016 06:56 - Atualizado em 11/02/2016 06:56
Adolescentes de 15 anos vão mal em matemática
Mais de 1 milhão de alunos brasileiros de 15 anos têm baixo rendimento
em matemática, interpretação de texto e ciências. O número equivale a
40% dos estudantes dessa faixa etária. Com esse resultado, o Brasil
acabou nas últimas posições do ranking da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômicos (OCDE) que mede o nível de aprendizado de
adolescentes de 64 países.
O estudo, divulgado nessa quarta (10), se valeu de dados do Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O objetivo da pesquisa é
entender os motivos que levam tantas pessoas a se sair mal na escola,
bem como descobrir formas de ajudá-las a superar as deficiências.
Para especialistas, a avaliação negativa do Brasil já era esperada.
“Apenas reflete o sistema educacional implantado por aqui”, afirma João
Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, que promove
políticas de educação.
Em vez de privilegiar a qualidade do ensino, explicou ele, os governos preferiram investir na expansão da rede.
“Mais de 60 milhões de brasileiros já estão nas escolas. Garantiram
vagas para todo mundo e distribuíram diplomas. O problema é que tudo foi
feito às pressas e, assim, não foram capazes de manter o nível mínimo
de aprendizado”.
A baixa qualidade dos professores, segundo João Batista, também
justifica o desempenho dos estudantes brasileiros. Hoje, diz ele, cursos
como pedagogia ou letras são feitos apenas por estudantes que tiveram
notas ruins no Enem. “São áreas que remuneram mal. Portanto, a maioria
dos profissionais também não tem a qualificação necessária para dar
aula”.
As consequências dos maus resultados escolares não afetam apenas os
alunos. Em longo prazo, uma educação sem qualidade pode implicar em
crescimento econômico menor do próprio país, ressalta o relatório da
OCDE. Algumas nações, aliás, se encontram em um estado de recessão
permanente”.
Ponto Positivo
Apesar de o Brasil ainda ter um longo caminho a percorrer, os estudos demonstraram que avanços já foram alcançados.
Entre 2003 e 2012, o país conseguiu reduzir em 18% a quantidade de
estudantes com problemas em matemática. México, Tunísia, Turquia,
Alemanha, Itália, Polônia, Portugal e Rússia também tiveram melhorias
nesse período.
A OCDE avaliou que as nações que conseguiram progredir têm
características diferentes – uma prova de que todos podem apresentar
resultados positivos se tratarem o assunto como prioridade.
(Com agência AFP)