Nos últimos tempos, é frequente ouvirmos pais se perguntarem onde erraram na educação dos filhos ou até mesmo buscarem culpados pelo comportamento da criança, jovem ou adulto.São muitas as dúvidas, julgamentos, mas o que poucos sabem é que as respostas para tantas indagações são mais simples do que imaginamos.
Coma modernidade e os avanços tecnológicos, as mães começam a assumir novos papéis na sociedade e, fora do ambiente doméstico, ganham espaço no meio empresarial. Isso demanda mais tempo fora de casa e uma procura por alternativas que possa ajudar na missão de cuidar do lar e dos filhos. Aos poucos, a tarefa de educar, que era basicamente dirigida a elas,passa a ser dividida com outros personagens.
As escolas, que sempre foram instituições responsáveis por disseminar e estimular a prática do conhecimento,ampliam seus horários e, de maneira integral,se adaptam para oferecer atividades físicas, sociais e pedagógicas , que acaba por extrapolar o conteúdo ministrado em sala de aula , o que as torna ainda mais requisitadas para assumirem o papel de formar cidadãos críticos .Uma opção construtiva para as famílias e para as crianças que, em vez de ficarem sozinhas em casa,passam mais tempo na escola. Situação essa, que acontece com muita frequência, o que nos faz pensar ser esta a solução mais viável para a formação de uma juventude saudável. Se não fosse o outro lado da história.
Pelo fato de alguns pais passarem mais tempo fora de casa e cada dia mais distantes dos filhos,buscam, de maneira incessante, compensar a ausência, a falta de atenção, carinho e tempo com materialismo e vista grossa. Por isso, mesmo sem avaliar os riscos, muitos preferem optar por uma educação permissiva em que o sim parece ser a palavra mágica que resolve os problemas e transforma lágrimas em um belo sorrido. Uma solução rápida e indolor.Certo?
Errado. As conseqüências geradas pela falta do “não” atinge diretamente a formação do caráter da criança, sua personalidade e a forma de encarar a vida, fazendo com que se torne um adulto mimado, inseguro e sem capacidade de lutar pelos “sins” que receberá na vida pessoal e profissional e muito menos sonhar ou desejar aquilo que por tantas vezes almejou.
Sem a parceria fundamental família e escola , dar continuidade ao processo de educação e à busca por formar cidadãos se torna ainda mais complicado. Os professores, diariamente, lidam com frutos de diferentes meios que refletem em atitudes e comportamentos o que aprenderam em casa com pais ou responsáveis e repetindo posturas que tomaram como exemplo.
Mesmo utilizando elementos lúdicos e interativos para que a sala de aula seja um ambiente prazeroso a atraente, o professor age como o artesão que apara a personalidade do aluno , trabalhando a pedra bruta. Ciente de que não consegue mudar a matéria prima, ele busca de maneira gradativa e persistente levar desafios e dificuldades para o ambiente escolar com o intuito de fazer com que a criança ou o adolescente busque melhores resultados e se supere a cada dia. Fazer com que entenda o valor da luta, o sabor da derrota e a busca pelo sucesso.
Para aqueles que ainda se perguntam onde estão os erros que refletem na educação, as respostas são simples. O erro está na falta de limote, de desafio, na falta de oportunidade que a criança encontra para mostrar que pode ir além, se superar e aprender que a perda, assim como a vitória , faz parte da vida. O erro está na educação permissiva, que inibe a possibilidade do sonho e do desejo. Por isso, antes de indagarmos sobre em que mundo vivemos, seria bom pensarmos que crianças estamos formando para este mundo.
Eldo Pena Couto
Diretor do Colégio Magnum – Cidade Nova – BH/MG
Publicação: Jornal Estado de Minas -3/4/10