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terça-feira, 3 de agosto de 2010

EDUCAÇÃO

INFÂNCIA ROUBADA

Maria Luciene

Dados fornecidos pela Organização Mundial do Trabalho revelam que , apesar de todo o empenho do Governo Federal, ainda não somos o país da infância recuperada, e sim, o Brasil da infância roubada, o Brasil de tantos pequeninos que deveriam estar na escola e, no entanto, vivem a dura realidade de serem explorados pelos adultos, quase sempre a própria família que, ignorando o ECA , “Estatuto da Criança e do Adolescente”, os colocam nas ruas, o que acontece com frequência nas grandes metrópoles, levando esses quase cinco milhões de brasileirinhos a arriscarem suas próprias vidas em habilidades

pesadas entre o abrir e fechar dos sinais de trânsito, seja vendendo balas, jornais, fazendo malabarismos arriscados, dentre tantas outras habilidades em busca de garantirem o sustento, na maioria das vezes, de toda uma família.

O número inédito desses pequeninos trabalhadores, também chamados de “MÍNI- OPERÁRIOS”, está no último levantamento da Organização Internacional do Trabalho que obteve como dado concreto da pesquisa a certeza de que, no Brasil, são 4.800.000 (quatro que trabalham duro, como gente grande, o que representa um total de 11% das crianças e adolescentes do país, fora da escola. Os dados são mais alarmantes nas regiões mais pobres do estado de Alagoas , tendo sido constatado pela Organização Internacional do Trabalho que 40% das crianças de uma dessas regiões, considerada a mais pobre do estado, crescem pouco e 70% estão contaminadas por algum tipo de verme , faltando-lhes alimentação e água tratada. Das 1.200 crianças dessa região alagoana, apenas 10% foram incluídas no programa do Governo Federal de erradicação do trabalho infantil, sendo que algumas das quais nem chegam a ser consideradas cidadãs brasileiras, por falta de certidão de nascimento, situação semelhante a constatada também no interior do Piauí..

Os dados mostram que de 1992 a 2004 houve uma redução de 40% do número de crianças que trabalham no país. Porém, ainda são muitas as que estão perdendo a infância e até a vida, trabalhando como adultos, no Brasil da “INFÂNCIA ROUBADA”.

Faz-se necessário que as nossas autoridades tomem consciência das consequências que os riscos do trabalho infantil podem causar às pessoas, garantindo-lhes o direito de frequentarem à escola, intensificando o investimento em projetos educativos e cursos profissionalizantes, propiciando as nossas crianças e adolescentes uma vida de melhor qualidade.

“Lugar de criança e adolescente é na escola.”

Extraído do livro  Resgatando Os Valores Da Escola Pública - Maria Luciene - págs. 68/69 )
Matéria extraída do Globo Repórter em agosto de 2006
(Publicação – Jornal de Neves – janeiro de 2007)