01/08/2010
Arthur Guerra Andrade
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Nº 8.069 , de 13 de julho de 1009), a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos é proibida em nosso país.Apesar disso, a realidade revelada por pesquisas recentes tem demonstrado que o uso de álcool entre jovens no Brasil é cada vez mais frequente e se inicia em um momento da vida que predispõe esses indivíduos a prejuízos tanto na saúde quanto físicos e sociais.
De acordo com os resultados do primeiro levantamento sobre o consumo de substâncias psicoativas entre estudantes do ensino fundamental ( 8º e 9 ) e médio (1º a 3º ano) da rede privada de ensino do município de São Paulo, divulgados pelo Centro Brasileiro de Informações sobre drogas psicotrópicas, cerca de 80% dos estudantes já fizeram uso de álcool em algum momento de suas vidas , sendo que a média da idade de início desta substância está em torno dos 12 anos de idade.
Digna de nota é a constatação realizada por este estudo de que a maioria (46º) dos estudantes que já fizeram uso de álcool relatou ter recebido a primeira dose de um familiar , em sua própria casa, seguidos de (26%) cujo local do primeiro uso foi a casa de um amigo , e (15%) revelam que experimentaram a primeira doze de álcool em casas noturnas.
Estes resultados levam os pesquisadores à suposição de que as estratégias de conscientização e fiscalização do limite legal para a compra de bebidas alcoólicas em nosso país parecem ser insuficientes , além de não culminarem na educação da família e da comunidade, que deveriam ser os principais atores na prevenção do uso de álcool entre os jovens.
Embora existam evidências de que a experiência com o uso do álcool ocorram por meio da influência de pais e amigos, até mesmo em ambientes escolares ou outros cuja venda para menores de idade é explicitamente proibida , ainda não existe, no Brasil, uma exigência legal de projetos no sistema de ensino que tenham como objetivo a prevenção, orientação e assistência em relação de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.
Investir na viabilização de estratégias educativas efetivas , em conjunto com membros da família e escola , capazes de restringir o uso de álcool entre estudantes, é uma necessidade imediata e deve ser priorizada no sentido de suportar a redução do uso nocivo de álcool e suas consequências adversas em nossa sociedade como um todo.
Se pais e professores não forem referência para os jovens, todo o esforço do investimento será em vão. Vale o ditado:”O exemplo não é a melhor forma de ensinar algo a alguém. É a única”.
(Presidente do Centro de Informação Sobre Saúde e Álcool e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Fonte:Jornal Hoje em Dia - 01/08/2010