Vale a leitura: matéria da BBC Brasil sobre as ações de outros países para melhorar a educação.
O que os países ricos estão fazendo para melhorar a educação?
19 janeiro 2015
Estudo
analisou 450 iniciativas de 34 países para melhorar educação
A mudança mais popular no grupo, que reúne majoritariamente países ricos e
não inclui o Brasil, diz respeito à preparação dos estudantes para o mercado de
trabalho, voltado principalmente para o ensino profissional e técnico.
Este tipo de mudança tem forte impacto, segundo especialistas, na
produtividade dos trabalhadores - o que colabora para fortalecer a economia dos
países.
A segunda reforma mais popular envolveu melhorias no ambiente escolar, com
foco principalmente na preparação de professores.
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A OCDE analisou iniciativas adotadas nos últimos sete anos. Segundo a organização, ainda é preciso analisar os resultados da maior parte destas políticas.
Embora os pesquisadores ressaltem que as soluções dizem respeito a cada país
e não podem ser simplesmente copiadas para outras realidades, algumas ideias
podem fornecer material para o debate geral de como melhorar a educação.
Eis algumas delas compiladas pela BBC Brasil.
1) Mercado de trabalho ou continuidade dos estudos
Quase um terço (29%) das reformas implementadas tiveram como objetivo
preparar os estudantes tanto para o mercado de trabalho como para continuar
seus estudos. O foco principal foram reformas nos sistemas nacionais de ensino
profissional ou técnico.
Portugal, por exemplo, criou uma estratégia com o objetivo de aumentar o
número de jovens matriculados no ensino profissional. Os cursos oferecidos são
compatíveis com a demanda do mercado de trabalho.
Outra inovação: estão em teste programas de ensino profissional que começam
mais cedo, a partir dos 13 anos.
Já a Dinamarca reformou seu sistema de ensino profissional com foco na
redução da desistência.
2) Melhorias no ambiente das escolas
Reduzir o número dos alunos por turma, implementar reformas curriculares e,
principalmente, capacitar professores foram o objetivo de 24% das reformas
analisadas.
A Austrália criou um instituto dedicado apenas ao aprendizado de professores,
e a Holanda desenvolveu um programa que visa a atrair os melhores estudantes
para faculdades de educação.
Já a França reformulou o conteúdo e a estrutura de seus programas de
treinamento de educadores, criando escolas que aliam treinamento prático ao
teórico.
3) Garantir qualidade e equidade na educação
As reformas implementadas pelos países da OCDE também tiveram como objetivo
implementar políticas para garantir que todos os cidadãos tenham acesso a um
nível mínimo de educação, independentemente de circustâncias pessoais ou
sociais. Ações deste tipo foram 16% das implementadas.
O Chile, por exemplo, introduziu um sistema que proíbe que a seleção para
escolas de ensino fundamental tenha como critério renda ou performance. A regra
também limita a possibilidade de as escolas expulsarem alunos com resultados
ruins.
Na Nova Zelândia, foram implementadas estratégias para melhorar a educação
dos maoris, população nativa que representa cerca de um quarto dos habitantes
do país. Entre as iniciativas está um programa para engajar adolescentes com
idades entre 14 e 18 anos na área de educação.
Na Inglaterra, um programa concede fundos adicionais às escolas para que
elas consigam manter nas classes crianças em risco social. A ideia teve um
impacto positivo.
4) Sistemas de avaliação
Sistemas de avaliação são considerados importantes pela OCDE porque apontam
áreas em que é preciso melhorar. Implementar essas políticas, que visam a medir
os resultados tanto dos alunos quantos das escolas, responderam por 14% das
reformas.
No México, um instituto nacional de avaliação ganhou, em 2013, autonomia
para desenvolver uma estratégia de acompanhamento válida para todo o país.
Padronizar as avaliações facilita a comparação de resultados.
Na Itália, um projeto piloto acabou sendo expandido devido a seu sucesso. O
projeto permite que as escolas decidam se serão avaliadas ou não. O processo
envolve uma auto-avaliação da escola e uma avaliação externa, que é usada para
estabelecer metas. Essas informações são divulgadas publicamente.
5) Reformas de financiamento
Conseguir melhorar as formas de financiar os sistemas de educação é um dos
grandes desafios das escolas. Incrementar o financiamento foi o objetivo
principal de 12% das medidas avaliadas.
Nos EUA, teve início em 2009 o programa Race to the Top, que atrela o
financiamento das escolas à implementação de reformas e inovações na área de
educação. Os Estados recebem fundos com base em seus planos para o futuro e
também na qualidade dos professores, alunos e escolas. Eles precisam também ter
competência para processar dados e informações estatísticas de educação.
Na Alemanha, dentro de um projeto criado para estimular a atividade
econômica durante a crise financeira, o governo federal deu apoio a
investimentos de Estados e comunidades em educação. Foram
destinados 8,7 bilhões de euros (cerca de R$ 26,5 bilhões) a áreas como
educação infantil, estrutura escolar e universitária e pesquisa.
6) Governança
A organização do sistema educacional e a definição de uma política nacional
de educação foram foco das ações de 9% das reformas.
Ter uma estratégia nacional é importante, de acordo com estudiosos, porque
proporciona parâmetros que devem ser seguidos nacionalmente.
Na Dinamarca, uma reforma nas escolas públicas, possibilitada por um acordo
que envolveu todos os partidos políticos, foi feita para elevar expectativas,
simplificar objetivos curriculares e abrir escolas para as comunidades.
Já a Estônia estabeleceu cinco metas para a educação no país. Entre elas
está o uso de tecnologia digital no processo de aprendizado e uma maior
correspondência entre o que é ensinado e as necessidades do mercado de
trabalho.