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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Além da Eternidade...









Além da Eternidade
(Maria Luciene)


                Enfim...
Eu sem você,
Você sem  mim.
Estava escrito que deveria ser assim.
Pela cartinha divina
Esta é a lei natural
Por que toda existência material termina.

Minha irmãzinha querida
Fora chamada à vida no sexto dia de nossa novena.
Com a saúde um tanto debilitada
Sua fé era ilimitada!
De ti advinha uma força,
Um otimismo
Uma luz interior
Que a todos tranquilizava.

Tiveste uma vida plena
Uma alma tranquila e serena
Uma fé que não era pequena,
Por mim, um amor incondicional
E sem igual
Que tanto fortificou
Nossa união fraternal.

Órfãs em tenra idade
Unimo-nos pelo amor,
Pela dor
E pela saudade.
Juntas descobrimos
O hábito da solidariedade.
Compreendemos a importância
De viver para
Servir
Amar
Perdoar
E a todos com igualdade tratar.

Nutrida pela seiva do teu fervoroso amor
Minha alma dolorida
Um tanto fortalecida
Passou a enxergar a vida
Um pouco mais colorida
Com menos temor e sem rancor.

Irmãs, amigas confidentes,
Jamais imaginaríamos vivermos ausentes...

Por tudo o que juntas vivemos
Sei que compreendes
A recente dor da saudade
E de onde estiveres
Hás de continuar rogando ao Bom Deus
Pela minha felicidade.

Sei que as lágrimas incessantes
Muito atrapalharão tua evolução espiritual
Contudo compreendes
A dor do meu amor filial.


Juras secretas fazíamos
Até mesmo pelo olhar
Éramos duas em uma,
Uma em duas
Conforme queiram acreditar
E pelo infinito amor que uma à outra
Buscou dedicar
Sabemos que além da eternidade
Para sempre haveremos de nos amar.

                    Saudade Eterna...
                           Lena – 6/3/2008
                                
 (Maria de Fátima Alves de Oliveira -  16/11/1949 – 23/02/2008)

     Nota:  Hoje faz sete anos que minha dócil irmã se mudou para a pátria espiritual. Confesso aos leitores que, enquanto redigitava este poema, por vezes, as lágrimas inundavam as teclas e meu coração batia descompassado. Sei que o tempo cura muitas coisas, mas, a dor da saudade deixada pela ausência de quem tanto amamos, e pela vontade divina, este alguém necessitou se privar do nosso convívio material, sendo chamado à verdadeira vida, mesmo sem o nosso consentimento, essa dor pode ser amenizada, maquiada, anestesiada...Contudo, nos momentos mais íntimos de reencontro com nossa verdadeira identidade, naqueles momentos em que sentimos uma vontade incontrolável de encontrar alguém... Alguém que nos fale, alguém que nos diga algo de belo, de bom,  animador, de confortados, lá está ela, como um espinho invisível a nos fazer sofrer...
Do meu convívio com a minha irmã, de tudo o que vivi e aprendi, mesmo após a nossa despedida material, o que posso dizer àqueles que são abençoados pela dádiva de desfrutar do convívio familiar é que nunca adie o tempo de estarem juntos, faça o tempo acontecer; nunca tenha  receio ou vergonha de demonstrar, através de atitudes ou de palavras, o quanto esse ser é importante para você; nas tribulações, seja o ombro amigo a amparar aquele que vê em você um porto seguro... Deus nos abençoa de tal forma que sempre coloca em nossos laços familiares aqueles com quem teremos mais  afinidade, certamente para nos levar ao entendimento de que seremos responsáveis por eles e eles por nós. Jamais fujamos de nossas responsabilidades. Mais tarde, quando a dor de sua ausência insistir em fazer morada em nosso coração, a certeza do dever cumprido soará como suave bálsamo a amenizar a nossa caminhada, embora o nosso inconsciente  nos acuse de que deveríamos ter feito muito mais. Diante da morte do corpo físico esse questionamento é mais que justificável por vermos ali esgotadas todas as possibilidades  retratação. Daí o sentimento de culpa  por não termos sido melhores do que fomos, ainda que para Deus  tenhamos nos comportado como verdadeiros cristãos. 
" a dor, para o cristão, é o momento que o torna mais firme, mais virtuoso. Se nos conscientizarmos de que os momentos de dor  são apenas um preparo para a nossa  libertação, teremos a certeza de que permaneceremos de pé. Tudo passa... Somente o amor permanece..." 
Maria Luciene