12/03/2015 08:51 - Atualizado em 12/03/2015 08:51
Pesquisadores debatem, em BH, fatores que colaboram a evasão escolar
Nada menos do que 1,7 milhão de adolescentes brasileiros de 15 a 17
anos está fora das salas de aula, segundo relatório divulgado pelo Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Dentre os fatores que mais
contribuem para a evasão escolar, estão violência, gravidez na
adolescência, renda familiar e distância entre escolas e comunidades.
O estudo, intitulado “10 Desafios do Ensino Médio no Brasil”, foi
apresentado na última quarta-feira (11) durante abertura do seminário
“Ensino Médio no Brasil: sujeitos, tempos, espaços e saberes”, realizado
pelo Observatório da Juventude da UFMG, parceiro do Unicef no
levantamento. A rodada de debates segue até esta sexta-feira (13).
Segundo o coordenador do programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef,
Mario Volpi, a importância maior dos dez desafios levantados é a
correlação que existe entre eles. “Acho que o país fez muitos projetos
que tentaram focar mais nesse ou naquele público, mas a política de
educação precisa ser integral, unindo diferentes temas que fazem parte
dela”, destaca Volpi.
Diferencial
A pesquisa divulgada aqui também foi realizada em outros 23 países. Brasil, Indonésia, México e Turquia tiveram um diferencial: além do levantamento quantitativo, utilizando bases de dados locais, foram formados 25 grupos focais e realizadas 51 entrevistas em profundidade.
A pesquisa divulgada aqui também foi realizada em outros 23 países. Brasil, Indonésia, México e Turquia tiveram um diferencial: além do levantamento quantitativo, utilizando bases de dados locais, foram formados 25 grupos focais e realizadas 51 entrevistas em profundidade.
No total, 250 adolescentes fizeram parte do estudo em Belo Horizonte e
Santana do Riacho, em Minas; Brasília, Belém, Fortaleza e São Paulo,
entre outubro e dezembro de 2012 e entre maio e novembro de 2013. Os
dados separados por cidade não foram divulgados.
“Ficamos muito tempo sem escutar os alunos. Sem colocá-los nesse
processo de aprendizagem como um ator importante, não vamos ter
resultados significativos”, avalia o coordenador.
Com os principais desafios compilados, o Unicef, junto ao Ministério da
Educação (MEC), vai apoiar municípios brasileiros na elaboração dos
planos educacionais regionais.
Falhas identificadas
Para o coordenador do Observatório da Juventude, professor Juarez
Dayrell, a reunião dos dez aspectos mais críticos levantados no estudo
será o norteador da mudança da qualidade da educação brasileira. Segundo
ele, um erro comum que vinha sendo cometido era a individualização dos
problemas.
“É difícil definir o (desafio) mais importante, porque acho que eles
são um conjunto de fatores que se articulam. Inclusive, grande parte da
não-superação dos desafios deve-se ao fato de, historicamente, tratá-los
de forma isolada”.