Objetividade e clareza no diálogo são fundamentais
Maria Carolina Nomura, iG São Paulo
18/08/2010 05:45
Não é nenhuma novidade que um ambiente de trabalho amigável torna as tarefas mais fáceis de serem cumpridas, além de estimular a colaboração entre os colegas. Um estudo publicado em julho pela revista americana PLos Medicine afirmou que o isolamento social é ruim para a saúde e que a falta de amigos pode ser um fator de risco para a carreira.
A pesquisa divulgou ainda que pessoas com poucos relacionamentos sociais morrem mais cedo do que a média do que aqueles com mais contatos. "É muito importante estabelecer vínculos com a equipe. A hierarquia sempre vai existir, mas em um local onde o chefe é bem relacionado com equipe tende-se a produzir de modo mais eficaz", comenta a psicóloga Stefânia Giannoni, especialista em liderança e consultora de recursos humanos.
Por isso, muitas empresas apostam em treinamentos externos para entrosar a equipe, como os “team building” (treinamentos ao ar livre que estimulam a comunicação entre os profissionais), além de aulas como mergulho, culinária ou até mesmo caminhadas.
“Em outro ambiente, que não o da empresa, é possível o profissional enxergar a pessoa que existe por trás daquele outro funcionário que senta a seu lado e estabelecer com ele outra relação. Em uma conversa, ele pode entender por que o colega é sisudo ou faz caras feias. O que não significa que seja má pessoa”, afirma Juliana Melo, psicóloga organizacional.
Lado negro
Mas trabalhar com amigos também pode ter um lado sombrio que, se não tratado com objetividade e clareza, poderá minar a relação de afeto existente, alerta Juliana. “Isso acontece especialmente quando um é hierarquicamente superior ao outro. Em casos de amigos que começam a trabalhar juntos, é imprescindível uma conversa para separar o pessoal do profissional”, comenta.
A executiva K.Y, de 32 anos, que preferiu não se identificar, conta que a falta de clareza na comunicação foi decisiva para perder uma amizade de 15 anos. “Ela comentou que estava desempregada e, apesar de saber que ela não era a melhor das profissionais, não falava inglês fluente, sempre foi mal na faculdade, eu a contratei para trabalhar comigo. Além de achar que era mais do que os outros porque era minha amiga pessoal, ela delegava suas tarefas. Eu tive de demiti-la. Ela ficou bem ofendida e nunca mais falou comigo”, conta.
Para Juliana Melo, a executiva cometeu dois erros graves: primeiro, contratou uma pessoa cujas capacidades estavam aquém do cargo e, segundo, não soube estabelecer os limites da amizade.
“Ela deveria ter conversado com essa amiga e, se já sabia de seu temperamento, não deveria tê-la contratado”, afirma. “Nesse caso, vale o ditado popular muito sábio: amigos, amigos, negócios à parte.”