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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

ENEM


Número de notas zero em redação do Enem acende alerta
Renato Fonseca - Hoje em Dia
15/01/201
Marcelo Ribeiro/Tribuna de Minas


Luis ainda arruma tempo para a leitura de livros, como o Código da Vinci

A explosão de notas zero na prova de redação do Enem – em 2013 foram 106,7 mil candidatos, e no ano passado, 529,4 mil – lança um alerta para a necessidade de mudanças no aprendizado dos estudantes. Especialistas em educação são unânimes em apontar que o baixo desempenho comprova a incapacidade dos alunos em ler, interpretar e escrever textos. 

Os dados parciais do exame nacional foram divulgados na última terça-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Além da nota zero, o rendimento médio na dissertação foi quase 10% pior na comparação com o ano anterior. Em 2014, o tema da redação foi a publicidade infantil.

“O assunto cobrado na prova não pode ser associado ao mau desempenho. Ao contrário, ele influencia na análise das melhores notas”, aponta o pesquisador e autor de diversos livros e monografias, Cláudio de Moura Castro. “O diagnóstico para quem zerou o teste é simples: a pessoa não tem lido o suficiente. E a terapia para solucionar esse problema também não é complicada, basta ler e escrever mais”, acrescenta Castro, apontado como um dos mais renomados especialistas em educação do país.

Mesma opinião tem o mestre em educação e professor do curso de pedagogia da Fumec, Aroldo Dias Lacerda. “Escrever sobre qualquer tema e apresentar uma proposta envolvem interpretação de texto. Só se consegue interpretar a partir da prática da leitura constante, que vai além do material didático”.

Para Dias Lacerda, os ensinos Infantil e Fundamental têm apresentado avanços no Brasil, mas o Médio carece de melhorias. A solução, diz, passa por valorização dos profissionais e mudanças na rede curricular. “É preciso aproximar a escola da vida real do estudante. Isso ainda está muito desconectado”.

Poucos

Apenas 250 candidatos, no Brasil, receberam nota máxima (1.000 pontos) na redação do Enem. Neste seleto grupo está o estudante de Juiz de Fora, na Zona da Mata, Luis Arthur Haddad, de 19 anos. Aluno do colégio Santa Catarina, que integra a lista das melhores instituições de Minas, conforme as últimas avaliações, ele conta que estudava as disciplinas cobradas mais de dez horas por dia.

A preparação para a redação também não foi fácil. Luis se matriculou em um curso específico de produção de textos e redigia pelo menos dois todos os sábados. Amante da literatura, ele ainda arrumava tempo para obras consagradas. Atualmente, lê o Código da Vinci, de Dan Brown. 

“Estava confiante que poderia me sair bem, mas ter fechado a prova foi uma surpresa muito agradável”, conta. Sonhando com uma vaga no concorrido curso de engenharia elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ele disse que vai aproveitar o restante do mês para descansar e curtir a família, os amigos e a namorada.